O Aprendizado da Filiação e Paternidade na Parábola do Filho Pródigo

Estava atendendo a uma paciente quando falei com ela sobre a Parábola do Filho Pródigo. O texto, que está no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, traz uma mensagem com diversos temas, dos quais muitos deles estão em pauta hoje dia, como por exemplo arrependimento, perdão e amor incondicional.

A história contada por Jesus fala de um filho que, após deixar a casa de seu pai em busca de uma vida de prazeres e extravagâncias, acabou por vivenciar uma situação desesperadora. Somente depois de experimentar escassez e solidão é que ele decide voltar para casa, reconhecendo seu erro e buscando reconciliação com seu pai.

Comecei a refletir com ela sobre o que mais, além dessas experiências, teria pesado na decisão daquele rapaz para voltar ao pai. E cheguei a duas conclusões:

1. O filho pródigo precisou voltar para casa para aprender a ser filho.

2. E depois para poder tornar-se pai.

O que podemos aprender com isso?

Em primeiro lugar, a referência do excelente pai que ele tinha, e que não havia se dado conta durante os anos que passou em casa. Isso ficou claro assim que seu pai o avistou, e saiu correndo ao encontro do filho, abraçando-o e o acolhendo de volta com alegria. Essa imagem reflete a graça abundante de Deus, que está sempre pronto para receber seus filhos de braços abertos, independentemente de seus erros passados.

Como observou o teólogo Henri Nouwen, “o filho pródigo descobriu que ele tinha um lugar – um lugar em seu pai, mesmo quando ele tinha desperdiçado seu dinheiro, mesmo quando ele tinha rejeitado seu amor. Esse é o mistério da graça: que ela nunca nos abandona, mesmo quando nós mesmos a abandonamos.”

Aqui temos uma história de reconciliação e perdão, onde o filho pródigo passa pelo processo de amadurecimento espiritual e sendo moldado pelo papel da paternidade em sua casa.

Assim como o filho pródigo precisou voltar para casa para aprender a ser filho, também precisamos nos voltar para Deus e aprender com Ele como ser filhos obedientes e gratos. Esse aprendizado não é instantâneo: requer humildade, disposição para aprender e crescer, e uma profunda conexão com o Pai.

Em segundo lugar, ele voltou para aprender a ser filho, o que ele demonstrou não saber, ao reivindicar “coisas” materiais. Ele precisava aprender a valorizar a presença do pai, seu cuidado, amor e proteção. Esse processo de aprendizado o preparou para desempenhar o papel de pai que ele mesmo exerceria futuramente.

Ao refletirmos sobre os ensinamentos da parábola do filho pródigo, somos desafiados a pensar sobre nossa própria jornada espiritual como filhos.

Assim como o filho pródigo experimentou a graça transformadora do amor do pai, também somos convidados a voltar para casa, reconhecendo nossas falhas e buscando a restauração em Deus. E isso está disponível a nós pelo simples fato de que o Pai nos ama!

O Pai ama você!

Darci Lourenção

Darci Lourenção é psicóloga, pastora

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